Nova tecnologia na cogeração de energia a partir de biomassas não convencionais

Nova tecnologia na cogeração de energia a partir de biomassas não convencionais

O Brasil é um grande produtor de biomassa, e tem pouco investimento em pesquisa por parte do poder público, as tecnologias utilizadas em países mais desenvolvidos podem ser aplicadas à nossa realidade!

Já imaginou o uso de biomassas com alto teor de cinzas, elevada umidade, impurezas vegetais e minerais e consequentemente baixo poder calorífico, sendo utilizadas para fins energéticos?

Por: Márcia Silva

Os longos períodos de geada e frio como também a baixa disponibilidade de combustíveis fósseis e grande disponibilidade de turfa (resíduo de vegetações com alta umidade) e variadas biomassas propiciaram o pioneirismo da Finlândia no desenvolvimento do Leito Fluidizado Borbulhante – BFB, que desde os anos 60 vem sendo pesquisado, e, atualmente, proporciona mais de 10% da energia elétrica e parte do aquecimento da água residencial desse país.

biomassa

Com essa “nova” tecnologia é possível queimar biomassas que não poderiam ser adequadamente utilizadas com as técnicas convencionais, assim a alta umidade, o difícil controle de granulometria e homogeneização dos materiais, como também o uso de cascas, folhas, turfas e raízes que possuem baixa eficiência de queima, se tornaram problemas facilmente contornáveis quando se utiliza o BFB. De acordo com o Eng. Mecânico Leonardo Zanini, o BFB é utilizado mundialmente na queima de biomassas não convencionais. Segundo o Engenheiro e diretor de Engenharia da empresa Caldema, o leito fluidizado borbulhante é formado por um grande volume de areia, que se fluidiza ao receber uma quantidade de ar por baixo, a alta pressão, com bicos de sopragem adequadamente dimensionados.

Essa massa de areia é aquecida por queimadores e em seguida o combustível é injetado, passando a queimar no leito da areia, dispensando o uso de queimadores de partida, que são então apagados. Dessa forma, durante a operação da caldeira, este volume de areia, com temperatura controlada, em torno de 850oC, promove grande estabilização da combustão e queima completa do combustível, resultando em uma caldeira mais estável em termos de produção, pressão e temperatura do vapor, suportando melhor as variações de umidade, granulometria e poder calorífico do combustível, isso quando comparada a uma caldeira com grelha, por exemplo. E como o BFB usa a areia para fluidização, as impurezas minerais presente no combustível reduz o consumo de areia de reposição, sendo que o nível é facilmente controlado por roscas de drenagem instaladas no fundo do leito.

A queima completa do combustível, utilizando a tecnologia do Leito Fluidizado Borbulhante, apresenta eficiência de combustão acima de 99,7%, como também utiliza menor quantidade de ar necessário para a combustão, resultando em menores emissões de poluentes, como materiais particulados e óxidos de nitrogênio. Segundo o Engenheiro a eficiência de caldeiras BFB supera 90%, contra 88% de caldeiras equivalentes com grelha. Nesse sentido, o setor industrial brasileiro torna-se um importante cenário para o desenvolvimento e pesquisa dessa tecnologia, principalmente, na queima de biomassas não convencionais, que futuramente, poderão ser utilizadas na cogeração de energia.

energia de biomassa

Fonte: Painel Florestal